SEXO E RELIGIÃO - Livro VIDA E SEXO - (26/11)
SEXO E RELIGIÃO
Pergunta 166- Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida
corpórea, acabar de depurar-se?
Resposta: - Sofrendo a prova de uma nova existência.
Pergunta 166.a - Como realiza essa nova existência? Será pela sua transformação como
Espírito?
Resposta: - Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma
transformação, mas para isso necessária lhe é a prova da vida corporal. Item n. 166,
de"O Livro dos Espíritos.
SEXO E RELIGIÃO
Dar-se-á o fato de se isentar alguém dos impulsos e inquietações sexuais,
simplesmente por haver assumido compromissos de natureza religiosa? Claro que a
lógica responde no espírito de sequência da natureza. A criatura que abraça encargos
dessa ordem está procurando ou aceitando para si mesma aguilhões regeneradores ou
educativos, de vez que ordenações e providências de caráter externo não transfiguram
milagrosamente o mundo íntimo. As realizações da fé, por isso mesmo, se concretizam
à base de porfiadas lutas da alma, de si para consigo.
Ninguém se burila de um dia para outro. De que modo alienar condições
inerentes à própria vida do Espírito, acalentadas, no curso das eras, tão-somente em
função de afirmativas verbais? E entendendo-se que as leis do Universo não destroem o
instinto, mas transformam-no em razão e angelitude, na passagem dos evos, pelos
mecanismos da sublimação, de que forma exigir a extinção dos estímulos genésicos em
alguém, tão-só porque esse alguém se consagre ao Serviço Divino da Fé, quando esses
mesmos estímulos são ingredientes da vida e da evolução, criados pela mesma
Providência Divina para a sustentação e a elevação de todos os seres? Compreendida a
inalienabilidade dos problemas sexuais nas individualidades representativas das ideias
religiosas no mundo, é mais que razoável considerar que essas individualidades, em
grande maioria, solicitaram para si próprias os controles de feição moral a que
transitoriamente se vinculam, no tentame de extraírem deles o proveito máximo, a favor
de si próprias. Efetivamente, Espíritos superiores e já erguidos a notáveis campos de
elevação, unicamente por amor e sacrifício, tomam assento nas organizações religiosas
da Terra, volvendo à reencarnação em atividades socorristas, nas quais impulsionam o progresso dos seus irmãos. Esses missionários do devotamento vibram em faixas de
amor sublime, quase sempre inacessível à compreensão dos seus contemporâneos. Não
ocorrem análogas circunstâncias entre aqueles outros que renascem sob regime
disciplinar, requisitados por eles contra eles mesmos, de vez que grande número desses
obreiros das ideias religiosas, reencarnados em condições de prova, demonstram
dificuldades e inibições múltiplas, no corpo e na mente, quando não sofrem exagerada
tendência aos desvarios sexuais - tendência essa que habitualmente os mantém
recolhidos ao medo de qualquer expansão afetiva. Temendo as manifestações do amor e
bastas vezes condenando indebitamente os companheiros da Humanidade, pelo fato de
se acomodarem a uniões respeitáveis e dignas, na generalidade receiam a si próprios e
censuram os semelhantes, no impulso inconsciente de lhes copiar a independência e a
conduta. Daí surgem os incidentes menos felizes quantas vezes! – em que vemos
expositores ardentes e apaixonados, dessa ou daquela ideia religiosa, tombando em
experiências emotivas, muito mais complicadas e deploráveis do que aquelas outras que
eles próprios reprovavam no caminho e na vida dos companheiros!... Aliás, registe-se
que o fenômeno é mais que justo, porquanto, aceitando os distintivos de determinada
seara religiosa, o Espírito impõe a si mesmo um fator de frenagem e autopoliciamento,
sem que as marcas exteriores de fé signifiquem mais que um convite ou um desafio a
que se aperfeiçoe, de acordo com os princípios de acrisolamento que abraça. Instruções
religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração, conquanto se
erijam em fortaleza de luz, amparando a criatura que a elas se acolhe para o serviço de
autoaprimoramento. Qualquer professor na Terra há-de se identificar com os alunos, no
campo das experiências naturais do cotidiano, a fim de que se estabeleça, entre eles, o
fio da compreensão mútua, unindo vanguarda e retaguarda do esforço para a escalada do
grupo ao conhecimento. Um anjo e uma equipe de criaturas humanas não entrariam em
relacionamento ideal para rendimento ideal do ensino. À vista disso, somos nós
mesmos, Espíritos endividados ante as Leis do Universo, que nos enlaçamos uns com os
outros, encarnados e desencarnados, aperfeiçoando gradativamente as qualidades
próprias e aprendendo, à custa de trabalho e tempo, como alcançar a sublimação que
demandamos, em marcha laboriosa para a conquista dos Valores Eternos.
(VIDA E SEXO, ED. FEB, CAP. 25, espírito Emmanuel, psicografia de CHICO XAVIER.)
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